Se perguntam, por quê eu sou assim
Eu não sei, acho que é porque eu faço com amor
Independente de classe, de crendo e até de cor
Cês olham pra mim, se perguntam
Por que que ele é assim?
Ce não sabe, acho que é porque eu faço com amor
Independente de classe, de status e até de cor
Às vezes me pergunto porque eu sou um cara tão estranho
Me preocupo com o bem estar, não importa o quanto eu ganho, tipo
Mas eu bato conforme o quanto eu apanho
Quanto menos consigo conciliar, mais eu me assanho
Virou quase consciência, quem dera estado de espÃrito
Quem dera respeito aos idéias, fosse recÃproco
É um vÃrus na bagagem, que não transporta o antÃdoto
Regido por leis vindas de valores antigos
Sou doido desde cedo, na aula escrevendo rima
Hoje sou um bosta na gramática, igual trabalhando em firmas
Faço uma aposta dramática, se a pratica não trás sucesso
O verso te mostra mais, do que lágrimas submersas
É um caminho tortuoso, escuro e perigoso e injusto
Quem passa aqui uma vez não quer passar de novo
Mas olho meus objetivos e meus olhos se enchem de brilho
Vejo um caminho difÃcil mas tentei bem pra ser andarilho
Mas são essas coisas simples, tipo escrever uma letra
Por que eu não ganho um tustão, mas tenho papel e caneta
Com a base na cabeça que balança no compasso
Eu não tenho discman mas lembro bem dos beat que eu faço, então
Vivo pra escrever, só escrevo o que penso
É quase espiritual, igual transe de modo intenso
É quase um ritual só faltou acender um incenso
É tudo tão habitual e não há nada senão silêncio
É letra junto com flow, imagina essa num show
Ganhar grana pra fazer rima, fingindo ser quem eu sou
Eu tenho muito poucas razões pra ta aflito com isso
Quando penso em minha famÃlia, mina, talento e amigos
Tenho vários bons motivos, pra muitos é verdadeiro
Fumar um velão daqueles depois comer brigadeiro
Tenho pouco, vivo muito, não vivo pelo din din
Pra ter tempo de curtir sem energia perto do fim
~trecho do audio livro de Carlos Drummond de Andrade~